Memórias de Padre Jozo

 

 

No mesmo dia, tivemos uma visão, um sinal no céu, partindo da montanha da cruz para as torres da igreja, escrito em fogo, com grandes letras, a palavra "PAZ". A paz é o grande dom de Nossa Senhora.

Fico triste quando as pessoas não entendem o que significa paz. Fico desapontado quando um padre pensa que paz é um tratado que Reagan e Gorbachev assinam em Genebra. Fico triste quando as pessoas da igreja não conseguem entender que a própria igreja  pode trazer a paz, ou quando uma família não sabe  que a sua paz pode ser criada dentro do coração do seu filho. Eles não sabem que esta paz pode ser eu, ou você para mim, ou eu para você;  que eu não sou  objeto de inveja ou ciúme. Nós não entendemos  que, para nós, paz pode ser nossa Igreja, nossa oração, nosso sacramento.  Meu Bispo é paz para mim, um dom que não pode ser dado pelo homem porque é um dom de Deus.  Nossa Senhora não deseja dar-nos apenas um pouquinho de paz.  Ela deseja dar a paz a todos que vêm a Medjugorje, a todas as nações. Naquele dia, Nossa Senhora trouxe a paz aos nossos corações, a cada membro de nossa comunidade.

Mais tarde, Ela explicou claramente que conversão significava rezar com o coração. Escolher o caminho da conversão significa começar a rezar com o coração.

Três dias depois, Nossa Senhora disse: "Jejuem". Não foi coincidência.  Não foi por acaso que Ela falou a respeito de Satanás, afirmando que ele estava presente. Por meio do jejum e da oração você pode livrar-se dele.  Isto foi um choque para mim, que satanás pudesse estar presente, se Nossa Senhora estava ali. Por que as pessoas não conseguem aceitar completamente suas mensagens? Não podemos aceitá-las se não estivermos livres. Liberte-se pelo jejum. Deixe que o amor viva em você através do jejum. Supere todos os medos por meio do jejum. Retorne aos ensinamentos proféticos sobre o jejum.

Naquela tarde, pedi às pessoas que jejuassem. Disse-lhes o que Nossa Senhora pedia e perguntei se estavam dispostos a atendê-La. Todos disseram que "sim". Jejuamos na quarta, quinta, sexta-feira e no sábado. Na sexta, à tarde, os efeitos eram evidentes. O que antes estava me perturbando era que as pessoas não estavam se convertendo. Não atendi uma única Confissão antes do primeiro dia do jejum. Depois disto, multidões de pessoas vinham e diziam: "Padre, o senhor pode ouvir-me em confissão?"

Fiquei com medo de uma multidão tão grande querendo se confessar na igreja. Pedi a todos os padres que ali se encontravam que me ajudassem. Havia cerca de 50 sacerdotes presentes. Muitos deles colocaram a estola para ouvir Confissão das pessoas na igreja. Tivemos confissões durante o dia inteiro e por toda a noite. Nesse meio tempo, havia chegado mais de cem padres. Essa multidão de padres ouviu confissões. Pela primeira vez, entendemos completamente a importância de sermos padres deste santo Sacramento, desta graça que Jesus nos deixou. As mangas das batinas ficaram molhadas pelas lágrimas dos penitentes.

As pessoas entenderam, pela primeira vez, que podiam se livrar de seus pecados sem lutas internas. Elas compreenderam que não podiam ser julgadas apenas pela maneira de se vestir. Foi o momento em que o filho pródigo decidiu retornar ao pai. Sentimos exatamente a mesma coisa. Sentimos o abraço de Nosso Senhor.  Colocamos o manto que o pai guardou para o filho. Sentimos sede da paz e do amor que existe na casa de Nosso Pai. Aqueles foram dias de verdadeira graça do Senhor.

Nossa Senhora disse: "Converter significa jejuar com amor, começar a jejuar com amor".

Estas foram as minhas primeiras experiências em Medjugorje: os atos grandiosos de Deus, preditos pelos profetas. Pessoas que sabem ouvir  serão guiadas por Deus. Ele lhes mostrará a conversão, a graça, o dom da paz e do amor, o dom da confiança e o dom  da oração.

A primeira coisa que Nossa Senhora nos pede é que sejamos obedientes, submissos, como o foi Jesus em Nazaré.

Vir como peregrino a Medjugorje ou ouvir a mensagem de Nossa Senhora significa ser humilde, obediente, pequeno.

Nossa Senhora quer suscitar em nós a sede da fé. Muitas vezes, Ela chorou abertamente aqui em Medjugorje. É assustador ver Nossa Senhora chorando. As lágrimas de Nossa Senhora são carregadas de poder. Poderiam derreter um coração de pedra, poderiam purificar nosso coração impuro e acender o fogo da alegria, iluminar o fogo da paz e fazer com que vivamos novamente como uma criança.

Nossa Senhora não divide as pessoas em convertidas e não convertidas, em pecadores e fiéis.  Ela sempre diz: "Meus filhos queridos". Podemos então sentir a majestade de Nossa Senhora, nossa Mãe. Ela reconhece uma criança em cada um de nós. Ela não separa o que crê do que não acredita, o católico do não-católico.  Não nega a ninguém.

Todos são seus filhos queridos, todos que procuram a verdade, querem amar e ser amados. Todos têm que ser redimidos. O resgate foi dado por todos.  Nenhum católico deve dizer: Este homem não está redimido como católico, porque Jesus não falou nele, e eu também não o faço. Estamos errados se não nos sentirmos como filhos de nossa Santa Mãe, com a idéia de que somos todos irmãos, que somos todos filhos e filhas de Deus. Ela abriu nossos olhos. Fé não é o que pensamos que seja, mas um dom que Deus coloca em nossos corações.

Nossa Senhora nos disse, chorando: "Vivam a fé da Igreja".  Antes de tudo, imagine que Ela falou a nós, padres.  Foi um choque. Ela falou chorando: "As pessoas não vivem a fé da Igreja. Digam-lhes que creiam firmemente, que protejam a religião do meu povo e entre meu povo. Não tenham inimigos, não comecem guerras. Amem a todos e tenham consciência de que são servos".

É perigoso estar em conflito com o céu, com o Evangelho, com Nossa Senhora.  É importante ser pequeno. Então tere-mos que viver a fé da Igreja.

Tradução: Ehusson Chequer

Eco de Medjugorje – 182